O deputado João Salame Neto (PPS), líder da Frente Pró-Estado de Carajás, esperou 24 horas além do prazo que deu aos paramentares adversários à criação de duas unidades federativas a partir do atual território do Pará – Carajás e Tapajós -, para renovar o desafio que fizera no início da semana passada.
Salame, numa entrevista ao Jornal do SBT, ancorado por Nielson Martins e numa palestra a estudantes de Administração de uma Universidade de Belém, disse que se os adversários de Carajás conseguissem convencer o governador Simão Jatene a dar o aumento de R$ 66,00 aos professores da rede pública estadual, que estavam em greve há quase dois meses, para conseguir o piso nacional de salário (R$ 187,00) e contratasse 1,5 mil policiais para o sul e sudeste do Pará, para fazer frente à violência que campeia naquela região, renunciaria o seu mandato de deputado estadual e abandonaria a Frente Pro-Carajás, passando a lutar pela manutenção do Pará como se conhece hoje. O desafio foi endereçado ao presidente da Frente do Não, deputado federal Zenaldo Coutinho (Licenciado). Coutinho foi chefe da Casa Civil do governador e mantem estreitas ligações com Simão Jatene.
Salame havia estipulado até a sexta-feira passada para que os contrários a Carajás e Tapajós se manifestassem, mas já sabia antecipadamente que isso não aconteceria. “O governo não tem como dar esses míseros R$ 66,00 de aumento a cada professor porque não tem dinheiro, Se der, acaba de quebrar o Estado. Jatene não dá porque não pode. Ana Júlia não deu porque não pôde, e Almir Gabriel também não deu pela mesma razão. Por isso, não devemos continuar com essa demagogia de que tudo vai melhorar. Só vai melhorar quando vier mais recursos da União e isso só ocorrerá quando tivermos mais duas unidades federativas para trazer mais cotas do FPE (Fundo de Participação dos Estado) para a região. Só não vê quem não quer ver. O Pará atual recebe R$ 2,9 bilhões. Com a divisão, passará a receber R$ 5,9 bilhões. Só com o que economizará por não ter que investir nas áreas emancipadas representa 15 vezes a a sua capacidade de investimento com recursos próprios hoje, que é da ordem de R$ 187 milhões, segundo um secretário do próprio governo”.
Salame, sábado passado, renovou o desafio e preveniu os defensores de Carajás para que não espere resposta, porque a equação do desenvolvimento proposta pelos defensores do “Pará grande e pobre” não tem solução.
O deputado participou, domingo, de uma carreatas do SIM (77) pelas principais ruas de Belém e ficou satisfeito com a manifestação de apoio de boa parte da população. “É natural que, em Belém, as pessoas sejam contra. Muitas delas são sabem aonde fica a Serra do Cachimbo, Floresta do Araguaia, Gurupá ou Anajás, e, bem ou mal, tem atendimento médico mais perto, segurança pública mais visível. Agora, quem mora fora da Área Metropolitana de Belém não tem nada disso e sua esperança está na presença do governo mais perto, com mais saúde, mais educação, mais segurança pública.
O Pará, todo mundo sabe, é um estado continental mas pobre, por isso difícil de ser administrado. Não há dinheiro, por mais boa vontade que os governantes tenham. Nós não estamos apregoando que com a divisão o sul e sudeste do Pará vão se transformar numa Califórnia ( o estado americano mais rico) do dia para noite, mas que vai melhorar vai. Melhorou bem no Tocantins, no Mato Grosso e no Amapá. O que estamos propondo é que o povo em geral deixe de passionalismo e discuta a questão com a razão pois a divisão vai ser boa para todos. Haverá mais dinheiro, menor espaço territorial e mais presença de governo para combater violência, falta de médicos, de defensores públicos, delegados, policiais etc. Também, os órgãos federais vão ter que se adequar à nova realidade, criando delegacias, representações e reforçando a sua presença. Representa isso mais emprego, mas dinheiro injetado na região. Não razão para ninguém ser contra”.
Nesta segunda-feira, Salame visitou Anajás e Portel, no arquipélago de Marajó, levando a mensagem da frente que preside. Foi mostrar a prefeito e vereadores que todos os municípios vão ter aumentadas as suas cotas do Fundo de Participação dos Municípios. Nesta terça-feira, Salame retoma os trabalhos na Assembléia Legislativa do Pará.
Fonte: Assessoria do deputado João Salame